Histórias

domingo, novembro 29, 2015

#343

Sentia falta de sentir tudo o que havia sentido há um tempo. Sentir um formigamento por alguns lugares do corpo, sentir o coração querendo fugir pela boca e ir abraçar aquela pessoa, sentir o corpo latejar de felicidade, ser a pessoa mais flutuante do mundo só por ter a atenção daquela pessoa.
Ele desconstruía-me. Fazia o que queria, dizia, ensinava. No entanto, eu não era uma massa de modelar. Sempre fui gente, era gente até quando não notava, não lembrava, não sentia ser gente. Não me amava, de nenhuma forma, só criava cópias de si. Então, se amava. Mas era um amor não-amor, pois amor puro é bom.
Sentia falta de criar quem ele queria. Ela era doce que se adaptava ao paladar, um tipo de doce que colocam mais açúcar, mais chocolate, mais fruta, ou tiram.
Ele era meu exemplo, meu tudo, meu mundo resumido. Meu mundo ampliado quando dava zoom.
Eu nunca disse que a amava.
Eu sempre o amei, amei tudo, todos os pelos, todas as partes, o cabelo, o riso, a dor, o coração.
Eu nunca quis querê-la, mas ela era minha. Sempre.
Eu me desfiz de tanto fazê-lo, ser o que ele queria. Porém, tive fé, tudo chega ao fim para, enfim, recomeçar.

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