Histórias

sexta-feira, outubro 30, 2015

Veja a bondade alheia

 
O motorista que ajuda a senhora bem idosa.
Uma pessoa que dá um dinheiro para um desconhecido que pediu emprestado, mas é dado.
O moço na rua dando comida para os cachorros que moram na rua.
O estabelecimento que alimenta os gatos dali de perto.
A paciência de explicar um assunto para um colega, mesmo já tendo explicado várias vezes.
Tantas coisas ao nosso redor, e ainda há gente por aí não acreditando que as pessoas podem ser boas. Sinceramente, se só queremos ver o lado ruim das coisas, teremos muita tendência a apenas ver os lados ruins de todas as coisas. E se nos propormos a dar umas chances a todas as coisas? Chances as pessoas, confiar nelas sem exigir nada em troca, nem mesmo recíproca confiança. Chance ao acaso, acreditar que tudo dará certo, o melhor sempre ocorre, seja lá o que for, mas acreditar que o que acontecer é o melhor naquele momento. Chance ao biscoito que você nunca comeu, pode ser que seja bom, muito bom. Chance a uma marca novinha em folha, vai que será a melhor descoberta do seu ano. Chance aos rapazes, às moças.
A vida é probabilidade. Existem todas as coisas, é só por as favoráveis acima de todo o resto, essa é a sua probabilidade. Pensar positivo é um evento que pode ser favorável, mas pensar negativo é outro evento, escolher ver algo ruim é outro, existem várias opções, mas temos que escolher o que é favorável. Se você escolhe o que não quer, por o que não quer acima de todas as coisas, você acha a probabilidade para o que não agrada.
Veja na paisagem a árvore bonita, as flores sutis pedindo sua atenção, é primavera. O raio de sol iluminando uma coisa que seja. Sinta o vento na sua pele, balançando o seu cabelo. Aprecie ter um pé, mesmo sentindo dor nele, imagine quanta coisa boa seus pés fazem, sustentam tudo, pinte suas unhas de novo e de novo. Ou veja o lado bom de esquecer uma coisa, o bom de lembrar que esqueceu, porque, mesmo se esqueceu, lembrou que esqueceu, então seu cérebro ainda se lembra das coisas, é saudável. Veja o lado bom, se não conseguir de uma vez, e ninguém consegue de uma hora para a outra ser positivo, comece aos poucos, três vezes ao dia, depois cinco, quatro vezes na semana, ou três, depois vai mudando, aumentando, sentindo-se melhor.
Você não precisa acreditar que ver o lado bom das coisas vai mudar alguma coisa, não precisa mesmo, apenas tente (SEMPRE) achar a coisa boa. Aprendi, há muito tempo, que todas as coisas têm coisas boas e que devemos sempre sorrir, e desde então sempre procuro coisas bonitas, às vezes esqueço, mas volto a lembrar. Ver coisas bonitas faz a gente ficar feliz, escolher vê-las parece que multiplica, ou eleva, nossa felicidade, nos dá alegria.
Tenha coragem, veja a bondade.




 
 
IPC: Se você quer acreditar em mim, e quer mesmo acreditar que a bondade, mesmo que alheia, pode te fazer feliz, veja essas imagens: http://www.tudointeressante.com.br/2014/05/30-atos-de-gentileza-mostrando-que-o-mundo-pode-ser-melhor-se-voce-quiser.html

segunda-feira, outubro 26, 2015

Sorria para mim

http://www.featuresfashion.com/
Comecei a ver um filme para aproveitar o ócio tão agradável: amo filmes, acho que posso dizer que é uma das coisas que mais amo em estar viva. É como estar viva mais de uma vez, você pode sentir que, naquele momento, você dá pause na sua vida para viver outra, claro, se houver verossimilhança.
A vida pode estar, digamos, meio ruim, mas podemos abstrair dela e tentar imaginar outra vida através de um filme. Você tem que pensar no que você quer no momento: romance, suspense, comédia, terror. Então vai na sessão específica e escolhe um filme, se tiver sorte, pode acabar encontrando a outra vida perfeita, sem ter que realmente vivê-la. Sem ter que esperar as horas passarem, pois um filme, geralmente, não dura horas, apesar de poder dar a sensação. Ou, quem sabe, tem aqueles que faz você pensar sobre por dias, ou semanas! Ou mais!!
O caso é que, às vezes, cansa demais ter que "levar" a vida, tem vezes que só o ócio, e nenhuma outra coisa, pode dar leveza. É muito fácil ler textos motivadores, imagens com frases que deveríamos guardar no papel de parede do coração, mas e daí? Fazer é que é difícil, ou desconfortável, ou doloroso. Eu sei muito bem dar todo tipo de conselho, pode ser a situação que for (tudo bem, não vamos exagerar...), porém, praticá-los não é, com certeza, o meu melhor. Tenho mil dicas do bem-viver, nem por isso vivo de bem o tempo todo, o dia todo, a semana, o mês, o ano.
O importante não é tentar viver o tempo todo; viver, nesse caso, significa apreciar ao derredor. O importante é fazer o possível para viver na maior parte do tempo, porque tudo bem se não estamos felizes por uns dias, ou se sofremos porque nossa mente e corpo acham que precisam de uma tal pessoa ou coisa, ou se só queremos estar em coma por uns diazinhos que sejam, ou tantas coisas que podemos achar que é ruim de ouvir ou pensar. Não tem essa bobagem de que o tempo passa, nada disso, o que acontece é que acostumamos, não estou falando sobre tempo, esquece o tempo. Acredito que o mais importante na vida é viver de vez em quando, singelo ato: apenas ser, e nada além disso.
Daqui a pouco pense nas coisas que você lembra, sabe aquelas cenas (da nossa vida mesmo) que nos emocionam? Libera um sorriso no rosto, ou aperta um pouquinho o coração, ou parece que ficou frio porque os pelos arrepiam, ou parece que você tem uma epifania, ou transborda umas lágrimas, ou um monte de coisas não-identificáveis embaralhadas... Isso significa que vivemos, pois vida é movimento, e emoção é movimento. Enfim, tudo bem se não estamos no auge dos sentimentos o tempo todo, estar lá de vez em quando é que tem graça, pois as coisas diferentes, por si mesmas, já nos emocionam. 

terça-feira, outubro 20, 2015

#348


Bicicletas. Aquela magrela, que tantos amam. Duas rodelas gigantes, como onion rings (cebola, <3).
Não aprendi andar de bicicleta, já tentei, mas tenho muito medo de cair, esses dias mesmo estava pensando nos meus medos, li uma postagem que pedia para eu falar de uma coisa sobre mim que ninguém sabia, e eu descobri que nem mesmo eu sabia algo que ninguém sabia sobre mim, achei intrigante, por isso pensei um pouco. Não é segredo que não sei andar de bicicleta, conto para todo mundo, mas é sempre uma grande surpresa (às vezes até mais de uma vez, pois as pessoas esquecem ou acham que é impossível demais para ser verdade).
Um tempo, neste ano mesmo, decidi que aprenderia, mas eu tinha muita vergonha de ir à rua aprender, seria vergonhoso, fiquei nervosa só de pensar que poderiam rir de mim ou haver comentários daqueles que não ajudam ninguém. Sou meio boba nisso: ligo muito para a opinião alheia, não o tempo todo, mas de vez em quando, quando não estou muito segura de mim. Infelizmente, esses episódios de insegurança não são exatamente raros. Então tentei começar na varanda de casa mesmo. Ninguém me ajudou, então mais medo ainda. Uma vez eu consegui pedalar o corredor inteiro, fiquei mega feliz, fiquei feliz por dias, senti um orgulho incomum, uma sensação maravilhosa.
Tentei outras vezes, não consegui mais. Sempre caia para os lados e ainda fiquei arranhada. Não me importo de ficar arranhada ou com hematomas, tenho muito medo é de cair, seja a altura que for. Por isso não fico por aí pulando nas coisas, nunca fui disso. E somente agora descobri que tenho muito medo de cair. Certa vez fui fazer uma trilha, tinha uma pedra gigante e quase horizontal que as pessoas subiam, minhas amigas fizeram de tudo, mas paralisei, quase morri só de olhar. Tudo só piorou quando vi um moço muito em forma e bonito quase caindo e ralando a cara, se acontecesse comigo eu morreria, literalmente. O cara parecia muito preparado e quase caiu, imagine eu!!! Claro, quando ele se foi, eu e minhas amigas rimos muito dele. Fiz um showzinho para não subir, não subi, pelo menos rimos do cara que quase caiu.
Não fomos à toa, pelo menos, descemos num outro caminho da trilha, e até nos molhamos no mar, o que importa e que foi muito divertido. A relevância de escrever isso esta em comprovar meu medo de altura. E até hoje, com 20 anos de idade!!!!!!, ainda não aprendi a andar de bicicleta. Não tive coragem, e as pessoas com tantas coisas para estudar para a faculdade não ficam por aí andando de bicicleta. Portanto, companhia fica difícil, e tenho que me iludir dizendo que estou ocupada. Meu sonho é sair por aí andando de bicicleta e mostrando para todo mundo que sei, sim. Um dia ainda vou estar em um lugar bem lindo e gritarei "Eu sei andar de bicicleta!!!!", tudo bem, me chamem de maluca," quem não sabe???", mas ainda terei a dignidade de gritar que sei.

O moço que nada

 
http://www.updateordie.com/2015/09/23/fotos-capturam-a-angustia-que-e-viver-com-depressao/
- X -
Em um lugar preto e branco, literalmente preto e branco: o sol era a luz, branca, a grama num tom de cinza, porque o lugar é de escala entre preto e branco, não é apenas preto e branco. Cachorros, pretos, cinzas, cinzas claro, cadelas brancas, cinzas. Casas brancas, janelas pretas. Pessoas todas cinzas, todas da mesma cor. Tudo igual, tudo quase o mesmo, sem encanto, sem surpresas.
As surpresas são presentes embrulhados em papel cinza e fita preta, mas o papel é transparente. Não há objetos desejados, há distribuição igual. Pássaros voam, formigas caminham.
Quieto, quietinho, o lugar.
Então nada se move, tudo fica parado, talvez se ouça o zumbido de uma abelha chata que insiste em zumbir. Ou, de repente, a voz de uma pessoa chata que insiste em falar, ela deveria apenas se jogar de algum lugar bem alto, ali ninguém perceberia. As coisas podem acontecer e nada muda, porque, na verdade, nada acontece. Não há muitas pessoas, pode ser que estivessem escondidas de alguma coisa. Um monstro, uma pessoa, um alguém.

 - Y -
A silhueta estranha, sem forma redondo ou reta de gente. As bordas cerradas, fazendo um som estranho, parado. Quieto. O lugar quieto que não se move, só afunda e escuta cada coisinha como se fosse algo grande, muito grande, pois o silêncio amplifica o som. Ouve-se mais, machuca mais. Não se pode falar alto para que algo preto não saia pelos lados dos rostos. Não existem tantos rostos. Existem, sim, vários pensamentos, formas, monstros, ideias.
Aquela forma estranha caminhava lentamente e passivamente pelas ruas, sem pessoas. Parecia ir se acalmando, até diminuindo, mudando de forma, ficando mais regular, menor. A lua no céu, brilhante. A criatura anda, a lua aparecia, crescente. Caminhava quieta a criatura, sem ver gente, vendo flores cinzas. Não tinha fome, não tinha nada nas mãos, sozinha, solitária. Passiva como nada que há. Sem beleza, sem coisa alguma, sua definição era justamente: nada.

 - Z -
Respirou fundo, guardou o ar. Sentiu seus pés que tanto amava, suas coxas, seus braços, suas mãos, seu cabelo preso, seu rosto calmo, percebeu sua pele, suas células fazendo o que tinham de fazer, os sons da calma ao redor, folhas, ar, vida, sentiu as cores que existiam, expirou. Abriu os olhos.
 - Estou aqui.
Vivo e aquém disso ao mesmo tempo, mas estava ali, era o que de fato importava, porque estar ali significava que tinha algo a fazer, agir para si mesmo, fazer algo por si mesmo, algo poderia ser feito para fugir de sua falta de cor interior: procurar cores fora, depois pegar um pouco num balde e trazer para dentro aos poucos. Aos pouquinhos é melhor que nada. Ele ouviu, ou será que sentiu?, que ele deveria tentar, não importando o que ele sentia agora, pois o tempo passa de qualquer jeito, dizia que por favor para ele tentar, nem que fosse fugir um pouco de si mesmo, de qualquer jeito, que pesquisasse, que ligasse o gás, que tentasse não respirar. Ele tinha que encontrar um jeito de fazer algo, sentir-se bem, se ele estava vivo era por um motivo.
Mesmo triste, mesmo daquele jeito que você ficaria triste só de olhar, ele tentou e disse tantas vezes: "estou aqui", dizia fraco, depois foi ficando maior, mais alto. Disse em voz alta, muitas vezes e muito forte, até acreditar que era verdade. "Estou aqui". Levantou, foi comer alguma coisa, depois pensaria.

domingo, outubro 18, 2015

Eu queria ser uma princesa



É, pois é. Novidade que não é.
Acho que a maioria das garotas já quis ser princesa, mesmo sendo uma princesa diferente com menos mimimi. Uma princesa sem vaidade, ou uma cheia de frescura, cabelo curto ou compridão, mas é que a gente vê isso desde pequenininha, então, é meio difícil não querer ser princesa. Sem contar as tantas vozes dizendo "princesa"... Bem, toda menina já deve ter sido chamada de princesa, mesmo que, de fato, não seja da realeza.
Outro dia vi "Into the Woods", não lembro muito bem a fala de um tal príncipe, mas lembro que ele disse ao como: sou príncipe, fui criado para ser charmoso, e não fiel. E fiquei pensando nisso, talvez esses títulos não sejam um elogio, talvez não ter título seja o elogio. Ou a melhor parte. Claro que não sei como é ser da realeza, mas imagino que seja para gente de responsabilidade, e essa é uma qualidade que ainda almejo, tenho que lutar por ela, assim como os príncipes vivem lutando por aí (bem, isso nos filmes da Disney ou em Once Upon a Time). (Amo demais Once upon a time, amo Charming e Snow).
O caso é que a realidade da maioria das pessoas é bem diferente da das princesas e príncipes, tanto que existem tantos materiais baseados neles, são livros, filmes, séries... E essas imagens...
Isto é o normal:

A vida santa
Nos imaginários há várias coisas...


As tattoo, amamos tattoo



E, claro, como chegar mais perto de ser...

Nem que seja na nossa vida normal, podemos nos inspirar nelas, não é?
Que seja na bondade das princesas (como existe alguém tão bom quanto a Cinderela? E a Snow????), na feminilidade delas, se gostamos disso, na felicidade que sempre chega, há todo o sofrimento, mas as coisas sempre culminam da melhor forma possível. É o melhor a se acreditar: ter esperança, algo bom acontecerá.
Ahhhh, já ia esquecendo: minha favorita sempre foi a Cinderela, amo demais a Giselle, mas a Cinderela sempre esteve em meu coração. <3

terça-feira, outubro 13, 2015

Sobre corações

http://iamjapanese.tumblr.com/ - Gustav Klimt
"What happens when people open their hearts?" … "They get better.” • Haruki Murakami

A verdade é que um conhece muito bem o que o outro sente, eles finjem que não, fingem que são isolados, que são opostos, partes de coisas diferentes, ou partes que não se encaixam. Eles podem até jurar que nada importa, um não vale nada para o outro, e eles juram. Brigam, se estranham, são como briga de gatos, aquelas brigas fazem uma barulheira e até derramam sangue no chão, abre ferida, quebra pata, mas o gato se recupera, e daqui a pouco está lá em cima do telhado fazendo barulheira, cruzando, depois fazem mais barulheira, brigando. Eles não são gatos, mas, às vezes, finjem ser. Tentam não se falar, fazem-se de indiferentes.
Indiferenças vão e vem, boomerangs de indiferenças, arranham-se.
O que eles não sabem é que é incontrolável, talvez eles até saibam que é incontrolável, mas não admitem. Eles admitem por uns minutos, depois garantem que se controlam. Garantem que estarão sozinhos, abandonarão um ao outro. Um mundo a parte do outro. Vou deixa-la, ela é irritante. A abandono, vivo minha vida. Se odeiam, eles se odeiam demais, mas ódio não consegue ficar muito tempo perto deles.
Qualquer coisa é muita coisa para aquela moça convulsiva. Sua carne lateja por causa de palavras que, talvez, nem foram ditas. Sua mente flutua, viaja no espaço, cria o tempo, revive as lembranças. Ela o devora, o atira para longe de si, e volta como boomerang. Seu cabelo macio ganha vida e implora para ser tocado, puxado, aspirado. Ela ali parada sem entender o que já entendeu tantas vezes, mas insiste em todas as vezes a voltar a esquecer.
Ele é aquele cara que se acha o homem, é impressionante, maravilhoso, palavras dele. Finje não sentir o que sente. Foge, foge, foge, vai para longe, entra na caverna e fica lá, a tortura com a sua própria tortura. Tortura feita com tortura. Tenta estar em outros lugares, adorar coisas, afundar pessoas, mas não é tão fácil quanto ele quer que seja. Não é simples, ele sabe, mas finge não saber. É forte, tenta ser o tempo todo, nem sabe porque precisa, mas sente necessidade de ser forte e estar distante.
E os corações...
Os corações caíram de andares incontáveis, caíram repetidas vezes, estão fechados em salas brancas tomando remédios para ficarem bem, mas os remédios não os deixam bem, eles só pioram e pioram. Eles são cortados, retalhados, cheios de pontinhos pretos. Os corações sentem tudo, são reprimidos por sentirem demais. Não! Não! Você não pode ser assim, SEJA FORTE! De tanta força eles ficam fracos, não veem mais o que veem, eles suprimem o que veem, mas não deixam de sentir, talvez se anestesiam. E as mentes, as células, os órgãos, tudo trabalhando, porque fazem a sua função, recebem sinais, informações, agem como devem agir. Os amores circulando pelo corpo, por todo ele, mostrando que se quer aquilo, é aquilo mesmo. Os olhos veem, a mente interpreta, foram criados sinais do que se deve fazer, faça o que tem de ser feito, faça, faça! Não faz. O impulso de pularem convulsivamente um em cima do outro, não tirando nada, mas tirando tudo. Não fazem porque são fortes, eles são fortes e negam o que está sendo pedido por tudo o que se é. Esquecem que eles são as suas células, seus atómos, seus elétrons.
Eles se amam e sentem compulsivamente isso. Sentem gritando em cada pedacinho. No entanto, sempre se afastam, sempre fogem, e sabem tão bem que é apenas fuga que logo acabam voltando um para o outro. Que seja como se não fosse nada, mas aquela sensação de estar simplesmente na presença um do outro é o que os move. Os impulsiona a seguir em frente. Até quando já não existem, ainda se amam nos pequenos pedaços, e os pequenos pedaços são tantos que são maiores do que seus medos de se entregarem. As palavras infinitas. Infinitas palavras. Não sabem o que dizer, não dizem nada, mas lá dentro suas pequenas partes sentem, então ficam apenas quietos, porque o que sentem transcendem o que falam.

#356

http://audreylovesparis.tumblr.com/post/61109822032/i-dream-my-paintings-then-i-paint-my-dreams

Acordei e esperei por ele. Ele não veio, eu dormi. Acordei. Fiz uma prece inconsciente, esperei por ele, ele não veio. Acordei. Chorei baixo para tentar não me ouvir, minha mente não se calava, ela gritou, gritou, ele não veio! Incharam meus olhos, fraquejei, deitei, dormi. Acordei. Cheia de esperança, cheia de fé, sabia que algo aconteceria, tive fé o tempo todo, ele vem, ele vem, não seja boba, menina: ele vem. Adivinha só: ele não veio. Passeie pelo dia, pelas ruas da minha própria solidão, tentei entrar em ambientes só meus, ideias só minhas, pensamentos todos meus, início, meio, possível fim, tentei me olhar, olhei, mas não devia ter tentado, o que vi, vi de relance, era ele, ele que não veio. Chorei, dormi. Dormi. Dormi. Dormi. Dias passando, eu dormindo, perdida dentro de mim, querendo matá-lo de mim, é, aquele que não veio, mas a verdade era que meu maior desejo era que ele viesse, e que morresse, no entanto, se morresse, não viria por não poder vim. Lutei com minhas ideias, criei desculpas, imaginei a saudade doloroso e gostosa que ele sentia, seu saudosismo de sua amada. Menina, se tinha saudosismo, e a solução estava ali, por que ele não vinha? Tudo, qualquer coisa, não podia ter verdade, verdades trazem mentiras no colo. Dormi. Fiz milhares de preces conscientes, outras tantas inconsciente, pedia com amor, com esperança, com fé. Dormia. Não desistia. Chorava porque ele não vinha. Eram lágrimas de uma dor tão palpável e invisível que saiam como coisas saem de cortes de lâmina. Eram várias lâminas. Eram cegas, às vezes amoladas. Esperei até ser capaz de apenas guardar a fé dentro de uma sala vazia e iluminada dentro do meu corpo. Sentei, na frente da sala, de frente para a janela dela, a qual irradiava a luz do sol. O sol me amava, me tocava, me ardia, e iluminava a sala, eu a olhava. A lua brilhava naquela sala. Até que um dia eu não sentei mais para olhar, ela apenas continuou lá: minha fé. Criei outras salas, gostei de coisas, nunca outra pessoa, mas muitas coisas. Passeava por mim, não mais precisava dormir, dormia, sim, fisiologicamente, mas não dos corriqueiros outros modos. Até decorei umas coisas. Um dia qualquer, eu sentada fazendo qualquer coisa que me divertia, coisa que eu gostava, coisa que não me deixava dormir, coisa de uma das salas criadas dentro de mim: somente assim ele veio, então tive que dormir.

sexta-feira, outubro 02, 2015

Salvador [Salvador em análise]

https://society6.com/product/our-love-is-unique-we-are-unicorns_print#1=45

Pablo [Pablo em construção]

https://www.flickr.com/photos/jova1701/7000136178/sizes/l/in/pool-1019594@N24/
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Caminhando por uma rua desconhecida, apenas a rua e eu. Se havia carros, não sei. Se havia gente, não sei. Se havia sol, não sei. Se havia beleza, eu a vi. Beleza exposta e singela, pura, verdadeira. A paisagem não era beleza, dentro era belo. De miscelânea de sentimentos, prevalência de amor. Doçura por cada parte, tudo monocromático, mas colorido, exageradamente colorido. Passado por cima, como se criança pequena tivesse colorido a cena com giz de cera, borrado tudo, deixado tudo muito lindo. Apalpando o carinho, a viagem imaginária, o projetar-se.
Num estalar de dedos, nós dois num só lugar. Nada importava, portanto, saíamos de todo lugar e nos encontrávamos. Magias ocorriam, todos viam, mas ninguém notava.

- 2 -

Pablo é um doce, olho e vejo um doce, e adoro doces!
Não sei o que sinto ao certo, mas sinto algo bom toda vez que o vejo. Onde ele está, quero chamar atenção para que ele preste atenção em mim. Posso até saber do que estou falando, mas vou perto dele e o pergunto só para ter a oportunidade de ouvi-lo, olha-lo. Tem a pele linda, nunca toquei, não fisicamente, já o toquei várias vezes, mas em meus pensamentos de doce. É simpático, engraçado, bondoso. Só em pensar nele já fico mais feliz, já sinto amor. Tão doce Pablo. Doce melhor que doce. E sinto paz, paz em forma de gente usando camisa social. Dá vontade de sorrir. Dá vontade de cantar. Dá vontade de dançar.

Faculdade

 
 Tan, tan, tan, tan, tan.
Pétalas e espinhos numa só essencial.
Doce derramando-se.
Um, dois, um.
De um lado a outro.
Do outro ao início.
Encontro, encontros, reencontros.
Gotas de doces.
Tan, tan, tan.
http://jiwoonpak.com/work/view.html?product_no=77&cate_no=46&display_group=1

Sentada na escada, lembrando as certezas, desejos, incertos pensamentos. Criando futuras danças, futuros encontros, futuros, criando futuros. Desencantos desenrolando, desdobrando  do embrulho que nada guardou. Papel simplesmente amassado, tiveram vontade e o amassaram, sem piedade, nem lembraram do que ele foi, se ele foi algo. Vivo. Existido simplesmente, sem função que fosse. O papel não merecia que se preocupassem, ou merecia se tivesse sido parte de algo grande, algo vivo, algo ouvinte. Balançando o que tem, dançando com o vento, rebolando as partes de si. Girando, indo, deixando de ser, renascendo. Ser que é, apenas por aqui estar. Aqui neste mundo, nesta vida, nestes lugares vazios e lotados de corpos vazios. Buracos nos corpos que não são devidamente preenchidos, não podem ser de forma alguma, pois não existem. O inexistente é o que é. E, na escada, sentada, ela criava cinzas.